DIANABOL

As Características

Tempo de ação: de 6 a 8 horas (oral); de 48 a 72 horas (injetável)
Dosagem relatada: 10-70mg por dia
Aromatiza: sim
Converte-se em DHT: não
Acne: sim
Retenção hídrica: sim
Pressão Alta: sim
Inibe o eixo HPT: muito
Hepatotóxica: sim

História

Na década de 50, os russos dominavam o cenário quando a questão eram as modalidades esportivas em que a força fosse o fator preponderante. Descontentes com a situação, os Estados Unidos solicitaram que os médicos da equipe americana de levantamento de pesos descobrissem como os russos estavam conseguindo tanta vantagem sobre os americanos. A história oficial diz que os médicos americanos contaram com a ajuda de um atleta russo que aceitou ser submetido a uma série de exames, porém, nos bastidores se comenta que o segredo foi entregue de bandeja pelo treinador da equipe russa durante uma bebedeira. Independente da veracidade de uma ou outra história, o fato é que os americanos descobriram o que estava acontecendo: a administração exógena de testosterona sintética. Foi neste contexto que John Ziegler, médico da equipe americana de levantamento de peso, desenvolveu o primeiro EAA derivado da testosterona, feita especialmente para os atletas americanos, em 1960. A substância recebeu o nome de metandrostenolona e a sua patente foi vendida para a Ciba Pharmaceutical Company (que hoje faz parte da Novartis) por 100 dólares. Dianabol, o nome comercial desta droga usado pela Ciba, se popularizou e é conhecido até os dias de hoje, em todas as partes do mundo. O advento da metandrostenolona tornou possível o desenvolvimento de vários outros EAAs (1).
A facilidade da administração oral aliada aos fantásticos efeitos fez com que o dianabol ganhasse adeptos em várias modalidades esportivas. Se a testosterona ocupa o primeiro lugar na lista de EAAs mais usados na história, certamente o dianabol se encontra na segunda posição.  Apesar da comunidade médica utilizar no passado o dianabol  como um “tônico para mulheres” (!!!) , com o passar do tempo a falta de aplicação desta droga para combater problemas reais fez com que ela fosse retirada de circulação em 1980. Contudo, a metandrostenolona ainda é produzida legalmente em países como México, Rússia, Bulgária e Tailândia. Estes países são responsáveis por boa parte da distribuição de dianabol ao redor do mundo. Apesar da metandrostenolona não ser comercializada legalmente no Brasil, a oferta desta droga no mercado paralelo é grande, partindo principalmente dos laboratórios undergrounds situados no pais.

Os Efeitos

A metandrostenolona é uma droga de ação forte e rápida. De forma geral, os efeitos obtidos com o dianabol são grandes em todos os sentidos, sejam eles para o bem ou para o mal. A sua ação rápida promove grande aumento de peso em um curto espaço de tempo. A construção muscular é beneficiada graças a maior retenção de nitrogênio promovida pela droga (2), porém nem todo o peso obtido com o seu uso ocorre por conta do desenvolvimento muscular.  Apesar da presença de uma dupla ligação entre os carbonos 1 e 2, e da metilação no carbono 17, ambos fatores que diminuem a taxa de aromatização, a metandrostenolona quando em contato com a enzima aromatase é convertida em metil-estradiol, que é um estrógeno bem mais ativo que o próprio estradiol (7), resultando em uma maior ação estrogênica durante o uso desta droga do que se teria com o uso de testosterona, por exemplo. Dessa forma, boa parte do peso e volume muscular obtido são resultados não só do acumulo de músculos, mas também do acumulo de líquido, fazendo com que os músculos pareçam maiores e mais cheios, e na grande maioria dos casos prejudicando também a definição muscular a medida que parte do fluido é alocada fora dos músculos, mais especificamente entre os músculos e a pele. Ainda neste sentido, a metandrostenolona possui um interessante mecanismo de retenção de potássio (2), o que serve como um contra-peso para a grande retenção de sódio  proveniente do metil-estradiol. É valido lembrar que, apesar dos efeitos colaterais, o estrógeno possui alguns efeitos positivos sobre o anabolismo muscular, como a maior liberação de GH e IGF-1,  proliferação de receptores androgênicos  (3).
Além de tudo, o dianabol é responsável por um grande aumento de força (2), tornando possível treinos muito mais intensos. A soma geral desses fatores faz com que a metandrostenolona seja uma das melhores drogas para construção muscular, miligrama por miligrama.  A metandrostenolona atua também como um excelente anti-catabólico, reduzindo a quantidade de cortisol em até 70%. A presença do grupo metil no carbono 17 da sua molécula, além de possibilitar a administração desta droga pela via oral, diminui a sua afinidade com o SHBG (6), tornando-a uma substância bastante ativa no organismo. A maioria dos usuários que estão em um ciclo com dianabol tem a sua libido e auto-estima aumentada, e também sentem como se estivessem bombeados durante todo o dia. Paradoxalmente, a metandrostenolona se liga com pouca força aos receptores androgênicos (4), sugerindo que ela exerce seus efeitos por vias não mediadas por estes receptores. Por não se ligar com força suficiente aos receptores androgênicos, o dianabol não é exatamente uma boa droga para queima de gordura.

O Uso

A metandrostenolona é uma droga bastante forte quando a comparamos com outras drogas. Normalmente os usuários alcançam ótimos resultados utilizando aproximadamente 1mg/dia para cada 2kg de peso (3)(5). Isso significa cerca de 50mg/dia para um atleta pesando 100kg (dividindo o peso por 2 se tem a dosagem diária em miligramas). Ao que tudo indica, dosagens superiores a 1mg/dia para cada 2kg não causam aumento dos resultados na mesma proporção, a não ser pelos colaterais. É importante lembrar que esta dosagem é citada com base em produtos autênticos e com concentração acurada. Produtos falsos ou subdosados podem não proporcionar os mesmos efeitos, ou mesmo não ocasionar qualquer efeito. Então repito, a metandrostenolona é efetiva mesmo em dosagens baixas como 20mg ou 30mg.
A meia-vida da metandrostenolona é de cerca de 3-4 horas, iniciando sua ação em 1-3 horas (3)(8). Isso faz com que a administração da dosagem diária necessite ser dividida ao longo do dia, afim de manter o nível da droga na corrente sanguinea tão estável quanto possível. Via de regra, como na maioria das drogas orais, quanto mais frequentes forem as administrações, melhor. No entanto, alguns usuários optam por  3-4 administrações diárias sem nenhum prejuízo aparente nos resultados. Além da versão oral, alguns laboratórios undergrounds também comercializam esta droga na versão injetável. A meia-vida da metandrostenolona na versão injetável é de cerca de  24-36horas, fazendo com que a droga precise ser administrada diariamente ou pelo menos uma vez a cada dois dias. Da mesma forma que o estanozolol, a versão injetável do dianabol também pode ser administrada oralmente.
Como você deve imaginar, a metandrostenolona não é uma boa droga para ciclos de definição. Sem nenhum mecanismo que favoreça a lipólise e com forte ação estrogênica, esta droga pode ter o efeito contrário do que se deseja em um ciclo de definição, já que o metil-estradiol decorrente da aromatização da molécula de metandrostenolona tende a inibir a lipólise e provocar retenção hídrica, escondendo a definição muscular. É possível utilizar a metandrostenolona em um ciclo de definição se associado à um inibidor de aromatáse. Como os inibidores de aromatáse reduzem bastante a taxa de aromatização, os “malefícios” do estrógeno seriam minimizados. Contudo, vamos ser lógicos. Porque utilizar a metandrostenolona em ciclo de definição quando você pode substitui-la por  uma droga mais favorável a esse objetivo? Não faz sentido. Isto também se aplica para os ciclos que buscam ganho de massa muscular sem perda de definição.
Por outro lado, a metandrostenolona é uma ótima escolha para os ciclos que visam grande aumento de massa muscular. Sendo uma droga de ação forte e rápida, ela é muito utilizada na fase inicial desses ciclos como uma droga de arranque, enquanto outras drogas mais lentas atingem o seu pico de ação. Para estes casos, drogas como a testosterona e nandrolona costumam ser as melhores opções de combinação para a metandrostenolona, dando preferência para os ésteres longos em ambos os casos. Combinar a metandrostenolona com oximetolona não é uma boa opção, já que as duas drogas são bastante tóxicas ao fígado.
Infelizmente a manutenção dos resultados obtidos com um ciclo de dianabol é muito complicada. Alguns usuários chegam a perder 80% dos resultados em poucas semanas após o fim do ciclo, apenas para perder os 20% restantes nas semanas subseqüentes. Na tentativa de manter o máximo dos resultados no pós-ciclo, algumas estratégias foram criadas ao longo dos anos, como terminar os ciclos com drogas mais anabólicas (oxandrolona e metenolona, por exemplo) e com um inibidor de aromatase, para entrar na TPC com o mínimo de estrógeno possível. Este tópico será discutido a fundo na seção Ciclando.

Colaterais

O valor androgênico da metandrostenolona está situado entre 40 e 60, o que faz desta uma droga não muito androgênica. Ainda assim, colaterais como oleosidade da pele, acne e queda de cabelo podem ocorrer. Apesar de ser reduzida para dihidrometandrostenolona quando em contato com a enzima 5-alfa-reductase, esta redução acontece a uma taxa muito pequena, e a própria dihidrometandrostenolona parece não ter muita afinidade com os receptores androgênicos (9), fazendo com drogas como a finasterida não sejam muito efetivas no controle de colaterais androgênicos da metandrostenolona, como queda de cabelo.
Graças ao metil-estradiol, resultado da aromatização da metandrostenolona, colaterais de origem estrogênica podem surgir durante o ciclo. O mais comum destes colaterais, e que atinge a grande maioria dos usuários, é a retenção hídrica, podendo ocasionar em perda da definição muscular e pressão alta. Outros colaterais de origem estrogênica  como ginecomastia e acumulo de gordura localizada podem se manifestar, ainda que estes últimos não sejam tão comuns. Por outro lado, graças a essa forte ação estrogênica a metandrostenolona não altera os níveis de colesterol quando usada em dosagens moderadas (11).
Durante o uso da metandrostenolona as enzimas do fígado se alteram rapidamente (10), indicando hepatotoxidade mais elevada que outros esteróides anabolizantes 17aa, como a oxandrolona e o estanozolol. O consenso geral entre os usuários diz que, por este motivo, não é prudente utilizar a metandrostenolona por períodos maiores que 6 semanas. A capacidade aeróbica (5) e a produção endógena de testosterona também ficam comprometidas com o uso desta droga (5)(12).

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