OXANDROLONA

As Características
Tempo de ação: 8 horas
Dosagem relatada (homens): 20mg a 150mg por dia
Dosagem relatada (mulheres): 5mg a 30mg por dia
Aromatiza: não
Converte-se em DHT: não, é derivado do DHT
Acne: raro
Retenção hídrica: não
Pressão Alta: não
Inibe o eixo HPT: sim, pouco
Hepatotóxica: sim, pouco
A História
A oxandrolona fez sua primeira aparição em 1964, fabricada pela Searle Laboratories (hoje Pfizer Inc.) e comercializada sob o nome de Anavar. Essa droga se tornou uma opção segura para aqueles que não desejavam utilizar o Dianabol (metandrostenolona, droga mais procurada na época), e se manteve como uma das drogas mais vendidas por mais de 20 anos. Apesar de ser aplicada em tratamentos contra a osteoporose e, para surpresa de alguns, para estimular o crescimento em crianças, nos anos 80 a reputação dos esteróides começou a mudar devido aos casos de abuso dessas drogas por parte dos fisioculturistas, de forma que em 1989 o Anavar foi descontinuado e os direitos sobre a oxandrolona foram adquiridos pela Bio-Technology General Corporation (hoje Savient Pharmaceuticals Inc.), que em 1995, após testes clínicos bem-sucedidos, passou a comercializar a oxandrolona sob o nome de Oxandrin. A reputação da oxandrolona tem mudado muitos nos dias de hoje, graças a sua aplicação em tratamentos contra a perda de peso decorrente do HIV e de alguns casos de câncer, na recuperação de pessoas que sofreram queimaduras graves, anemia, síndrome de Turner, dentre outros. Atualmente, a oxandrolona tem se mostrado tão bem aceita que não é raro encontrar médicos que prescrevem esta droga com finalidade unicamente estética, mesmo para pessoas do sexo feminino. Considerando a imagem dos esteróides anabolizantes forjada pela comunidade médica até alguns anos atrás, temos que concordar que isto é uma grande evolução.
Os Efeitos
A oxandrolona é uma droga branda em todos os sentidos, tanto nos efeitos desejados quanto nos colaterais, de forma que resultados radicais não são nada comuns com o uso desta droga. Promovendo aumento na síntese de proteínas (1), a oxandrolona promove também aumento de massa muscular, ainda que pouca quando comparado à outras drogas mais fortes como a testosterona ou a trembolona. Mesmo quando comparado à drogas semelhantes, como estanozolol e turinabol, a oxandrolona parece ser a droga menos eficaz entre elas quando o quesito é a construção muscular. Contudo, sendo um derivado do DHT, a oxandrolona não é convertida em estrógeno, o que faz com que os músculos obtidos durante o uso desta droga sejam sólidos e de boa qualidade. Além disso, muitos usuários e autores defendem que os resultados adquiridos com a oxandrolona são mantidos por bastante tempo, e de forma relativamente fácil. É fato conhecido que a facilidade de manter os resultados é maior quando a massa muscular obtida é dotada de boa qualidade, como acontece também com o estanozolol, turinabol e trembolona. Porém, no caso da oxandrolona, além da facilidade natural na manutenção dos resultados, ocorre também um efeito rebote após cessado o uso desta droga, fazendo com que a produção de LH e testosterona, que normalmente se encontram suprimidos devido à utilização da oxandrolona, seja elevada para níveis maiores que aqueles registrados antes da supresão (6). A essa propriedade também tem sido atribuída a alta taxa de manutenção dos resultados obtidos com essa droga, uma vez que o “crash” hormonal tende a ser menor com a oxandrolona.
Mesmo não sendo um forte andrógeno a oxandrolona promove queima de gordura, e essa característica é particularmente interessante em ciclos de definição. Em um estudo comparou-se a queima de gordura abdominal e viceral obtida com o uso de oxandrolona e de enantato de testosterona, mostrando que a oxandrolona é mais eficaz nesse sentido (2). Em um outro estudo, a oxandrolona foi responsável por reduzir a gordura total, viceral e abdominal após o uso de 20mg durante 12 semanas (3). A perda de gordura deste último estudo perdurou por pelo menos outras 12 semanas após o tratamento ser descontinuado. Esses dados não seriam tão impressionantes se não fosse o fato de que não foram realizados exercícios físicos durante o tratamento com oxandrolona, ou mesmo depois dele.
Curiosamenente, a despeito do seu baixo valor androgênico, a oxandrolona promove um aumento de força significativo. Esse efeito acontece graças ao elevado aumento na síntese de fosfocreatina gerado por esta droga, maior do que aquele promovido pela maioria dos outros EAAs (4). A elevação na síntese de fosfocreatina permite que o usuário tenha a sua reserva de ATP recuperada mais rapidamente, ou mesmo que tenha mais ATP disponível para ser utilizado, possibilitando que o usuário treine com mais intensidade durante o uso desta droga. A oxandrolona também parece melhorar a capacidade respiratória (5), fazendo com que ela seja uma boa escolha para atletas que necessitem de força e um bom condicionamento respiratório, como é o caso dos praticantes de MMA, boxe, e outras lutas.

O Uso

Assim como a ação de todos os EAAs orais, a ação da oxandrolona também é bastante rápida. Em cerca de 8 horas, a dosagem que foi administrada já não exerce quase nenhum efeito no organismo, fazendo com que sejam necessárias várias administrações da droga durante o dia, no intuíto de não permitir que a droga perca ação. Desta forma, a dosagem diária deve ser dividida em várias administrações, com intervalos de tempo iguais entre elas, afim de que a droga tenha a ação durante as 24hrs do dia, de maneira mais homogênea possível. De forma geral costuma-se dividir a dosagem diária em 3 ou 4, administrando cada uma destas partes a cada 8 ou 6 horas. Contudo, devido a alguma impossibilidade, dividir a dosagem em 2 e administra-las a cada 12hrs também é uma prática comum e que não parece comprometer os resultados de forma significativa.
A dosagem usual da oxandrolona se encontra na faixa entre 20mg e 100mg por dia. No entanto, em um ciclo contendo apenas oxandrolona, acredito que dosagens inferiores a 40mg/dia não trariam resultados satisfatórios, já que se trata de uma droga fraca. Assim, caso seja feita a opção de um ciclo apenas de oxandrolona, 50mg/dia ou mais serão necessários (na maioria dos casos, excluíndo aqueles que estão desnutridos ou próximos disso) para que os ganhos obtidos no ciclo sejam significativos ao ponto de valer a pena o despêndio de tempo, dinheiro e saúde. Para pessoas que já tenham uma boa evolução, peso elevado e já tenham feito pelo menos um ciclo, diria que menos de 70mg/dia desta droga iria, no mínimo, deixar a desejar. Mesmo não sendo muito tóxica ao fígado, é preferível manter o tempo de uso da oxandrolona limitado ao intervalo entre 6 e 8 semanas, ainda que existam usuários que tenham usado essa droga por mais tempo sem maiores complicações. Quando levamos em conta que existem outras drogas além da oxandrolona no ciclo, dosagens entre 40 e 60mg por dia são as mais comuns.
Em ciclos de definição, onde o foco é a perda de gordura, drogas com forte ação androgênica como a drostonolona e a trembolona podem ser associadas à oxandrolona. O propionato de testosterona e
a boldenona também são escolhas viáveis desde que seja feito o controle de estrógeno necessário. Ainda assim, o propionato de testosterona e a boldenona também podem ser utilizados sem controle de estrógeno quando o objetivo for ganho de massa muscular sem comprometer a qualidade dos resultados. Quando falamos de combinação entre as drogas, o estanozolol e o turinabol não gerammuita sinergia quando utilizadas em conjunto com a oxandrolona, já que todas tem características semelhantes e também são 17aa, ocasionando uma sobrecarga hepática desnecessária. Para ciclos que buscam grande aumento de massa muscular a oxandrolona é uma droga pouco eficaz, já que não é sua característica promover grande aumento de peso ou volume muscular, de forma que existem outras opções mais interessantes para estes casos.

Os Colaterais

Em relação aos colaterais, a oxandrolona é a droga mais leve disponível atualmente, sendo considerada uma esteróide seguro ao ponto de ser prescrita para mulheres e crianças que necessitem de tratamento onde esta droga pode ser utilizada, ou mesmo para pessoas de ambos os sexos que procuram apenas por uma pequena melhora estética sem correr muitos riscos.
Antes de mais nada é preciso deixar claro que a oxandrolona, bem como qualquer outro EAA, causa supressão ao eixo HPT. Por muito tempo, e em muitos círculos, acreditou-se que a oxandrolona não afetava a produção endógena de testosterona, porém isso não é verdade. Ainda que a supressão causada pela oxandrolona seja leve e facilmente revertida, ela existe (6)(7). Assim, mesmo contando com o efeito rebote na produção de LH e testosterona, é necessário que se faça a TPC ao final do ciclo, podendo ser esta uma TPC mais leve que a usualmente utilizada em ciclos com drogas mais fortes.
Já que não se converte em estrógeno, a oxandrolona não causa colaterais como ginecomastia, retenção hídrica, aumento na pressão arterial ou acumulo acelerado de gordura. Por não ter alto valor androgênico, colaterais como agressividadade, oleosidade na pele e acne também não são comuns. Apesar disso, sendo a oxandrolona um derivado do DHT, ela também pode ocasionar queda de cabelo em pessoas com essa predisposição genética, ainda que de forma bem mais branda que outras drogas como o estanozolol e a drostonolona.
Bem como todas as outras drogas 17aa, a oxandrolona é tóxica ao fígado. Porém, a oxandrolona apresenta hepatotoxidade inferior à outras drogas como a oximetolona ou o estanozolol, já que a maior parte dela é metabolizada nos rins, e não no fígado (8)(9)(10). Assim, mesmo que os valores de TGO e TGP sejam temporariamente elevados durantes o seu uso (11), a oxandrolona parece não manifestar maiores complicações (12). Não existem casos documentados sobre qualquer efeito nocivo da oxandrolona sobre os rins.
Mulheres e a Oxandrolona
A oxandrolona tem sido a droga mais utilizada por mulheres nos dias de hoje. A sua popularidade entre esse grupo parece ter aumentado graças ao baixo efeito androgênico que ela tem sobre os seus usuários. Para as mulheres, isso significa ter sob controle o seu maior medo, a virilização. Seguindo a dosagem normalmente utilizada, que está situada entre 5mg e 30mg por dia, colaterais como aparecimento de pelos pelo corpo, alterações no timbre da voz e hipertrofia no clitóris não são comuns. No entanto, mesmo dentro da dosagem que é considerada normal nos dias de hoje a virilização pode acontecer. Para minimizar esta possibilidade, é preciso utilizar o bom senso e respeitar a individualidade de cada um. Levando em conta um ciclo com 30mg/dia de oxandrolona, não fica difícil perceber que as chances de virilização de uma mulher que pesa 45kg e que nunca ciclou na vida, são bem maiores que a de outra mulher que pesa 75kg e com uma quantidade considerável de ciclos nas costas.

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